quinta-feira, novembro 06, 2008

Artigos :: Publicado no dia 4 de novembro de 2008

A quem honra, honra

Silvânia Pinheiro

O Prêmio de Jornalismo José Chalub Leite tornou-se, sem dúvida nenhuma, o Oscar da imprensa acreana. Eu, particularmente, não tenho ambições pela pre-miação propriamente dita. Nem pelo dinheiro, e nem pelo título. Pode até ser que algum dia eu seja agraciada por alguma reportagem, mas isso caberá aos jurados. Quem sabe, um dia...

E por que escrever sobre o Chalub Leite? Não trabalhei com o Zé Leite, não fui sua aluna, embora ainda enga-tinhando na imprensa tenha tomado conhecimento dos seus excelentes escritos e de sua personalidade cômica. Fui uma das jornalistas a cobrir sua morte, vítima de um infarto em 1998 e lembro-me que escrevi um título: ao mestre, com carinho. Sim, ele era um mestre! E que bom que o Acre teve bons professores de jornalismo, formado não pelas universidades acadêmicas, mas pelas universidades da vida, da rua, do sol, da chuva e da dura realidade a qual somos submetidos diariamente e ‘noturnamente’.

Só que pra mim, o Prêmio José Chalub Leite carrega consigo um outro nome, tão merecedor de homenagens, respeitabilidade e honra quanto o próprio Zé Leite. Chama-se Rai-mundo Afonso, um homem que dedicou oito anos da sua vida para ressuscitar uma categoria falida, desrespeitada, esquecida e ignorada pelos pró-prios jornalistas, pelas autoridades e pela sociedade.

Foi ele, que por cima de pau e pedra, se propôs a abrir mão dos momentos de lazer, da sua família, do seu trabalho e do seu descanso para resgatar a memória e o respeito dos jornalistas do Acre, tão ou mais relegados à própria sorte que o Sinjac, que ao chegar nas mãos de Raimundo Afonso, em 1998, tinha nada menos que 20 cheques sem fundos na Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), além de uma dívida já acumulada há oito anos.

Pra quem não lembra ou faz questão de não lembrar, Afonso é o criador do Prêmio de Jornalismo José Chalub Leite, do Encontro Internacional de Meio Ambiente, da I Semana de Comunicação do Estado, sem contar que foi um dos responsáveis pela solicitação de um curso de Jornalismo na Ufac, no Iesacre e do Registro Profissional Definitivo para 120 jornalistas devidamente regularizados nas empresas que trabalham e no Sinjac pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTB).

Foi ele que durante anos lutou para que o nosso piso salarial se tornasse o maior do país. Ao sair do Sinjac, ele nos deixou com um piso de R$ 1.270,00.

Pois, é, o Acre é tão pobre para umas coisas, mas parece que tem vocação para levantar homens de coragem. Pra mim, o Afonso é um deles. Por isso, na minha opinião, ele deveria ser o grande homenageado no IX Prêmio de Jornalismo José Chalub Leite. Pelo menos para atenuar a lamentável ingratidão de uma boa parcela dos nossos colegas.

Como diz a Bíblia em Romanos 13: 5-7: Dai a cada um o que lhe é devido: “a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”.

Fonte: SINJAC

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